EXPERIÊNCIA COMO PARTILHANTE EM FILOSOFIA CLÍNICA

Por Fernando Fontoura

Desde minha juventude que vou a terapeutas. Na própria escola já ia constantemente ao Serviço de Orientação Escolar conversar com uma psicóloga sobre questões escolares, de inclusão/exclusão, entre outras. Via nestes encontros uma boa possibilidade de pensar a mim mesmo em uma perspectiva mais ampla.

Quando já estava no esporte como competidor, procurando subir no ranking estadual ou nacional, via a importância de uma melhor concentração ou “força” mental. Naquela época não havia especialistas em psicologia esportiva ou algo parecido, então procurei psicólogas ou psicólogos “normais” para tentar me conhecer melhor no aspecto mental.

Depois, na vida adulta, ia a psicólogos ou psicólogas a respeito de questões de casamento ou filhos ou relações de trabalho. Passei minha vida adulta também, em grande parte, fazendo terapia, sempre com psicologias de várias linhas (até de vidas passadas fiz uma época).

Mas quando iniciei minha terapia com um filósofo clínico, em meu pré-estágio – antes de iniciar atendimentos em regime de orientação – que percebi a diferença abissal da terapia da filosofia clínica para as outras que fiz durante grande parte de minha vida.

Não vou esgotar aqui os âmbitos dessa diferença entre as terapias, mas vou apenas indicar quais foram, no meu caso.

A precisão é uma delas. O autoconhecimento que proporciona a filosofia clínica é muito mais preciso, cirúrgico. Por ela ter uma visão abrangente do “mapa” de minha estrutura interna e dos meus modos de ser e pensar, ela consegue ser mais analítica e diferenciar caminhos e limites de forma muito mais clara.

Essa precisão no autoconhecimento é em função de ela descrever com mais minúcias minhas relações comigo mesmo, com os outros e com o mundo. Como assim? Sempre que nos relacionamos com alguma coisa ou com alguém, o fazemos de uma certa forma, com certos elementos e isso define uma certa qualidade dessa relação. Não basta dizer que estou em um “relacionamento tóxico”. A filosofia clínica vai compreender descritivamente quais são os elementos em jogo de minha estrutura interna que estão nesse “relacionamento tóxico”. Isso dá mais precisão aos fatores determinantes de melhora nessa relação. Não há tentativa-e-erro.

E neste sentido, outro aspecto diferenciado da filosofia clínica frente a outras terapias, é o tempo. Com uma análise mais detalhada, mais precisa, o tempo de terapia ou de cada assunto do qual levamos em terapia é encurtado. Às vezes vejo pessoas dizendo que ficaram 5, 10, 20 ou até mesmo 30 anos em outras terapias para “resolver” de forma ampla alguma ou outra questão.

Eu, particularmente, faço minha terapia pessoal semanalmente. Não abro mão. Terapia, para mim, não é somente quando tenho “problemas”, mas é uma atividade de autoconhecimento ampla em todas as fases de minha vida, das piores às melhores. Por isso, eu posso até passar 30 anos fazendo terapia com a filosofia clínica, mas não será para resolver um ou outra questão, mas por ela ampliar sistematicamente e de forma robusta meu conhecimento sobre mim. O fato de ela ser mais precisa e, por isso, muitas vezes, mais rápida na resolução de algumas questões existenciais, não faz da terapia algo dispensável rapidamente. Embora, como terapeuta, eu experiencie a rapidez da filosofia clínica em muitos partilhantes. Eles expressam exatamente isso, “Nossa, fiquei anos e anos em outras terapias e não me conheci tanto quanto aqui em bem menos tempo”.

Obviamente que o tempo terapêutico é o tempo de cada um, mas a prática enquanto partilhante da filosofia clínica me mostrou como esse tempo subjetivo é compartilhado com o tempo da metodologia e que essa mescla faz dessa experiência terapêutica algo completamente diferente do tempo das outras terapias.

A ajuda que a filosofai clínica proporciona não é somente intelectiva, mas existencial diretamente nos modos de ser que temos, tanto de pensamento quando de comportamentos. Ela não “tapa o sol com a peneira” nem “coloca panos quentes”. Pela sua visão ampla de nossa estrutura interna e de nossos modos de ser e pensar, qualquer mudança terapêutica que aconteça nos movimenta de forma robusta, independente do tempo de cada um.

Não há comparativos dos benefícios da filosofia clínica para com as outras formas de terapia, é o que percebo e experencio enquanto partilhante. Em minha vida, tenho muito menos tempo como partilhante da filosofia clínica do que já tive como paciente de todas as outras linhas de psis que já fiz, mas meu ganho com autoconhecimento e autogerenciamento de meus modos de ser é absurdamente mais amplo e robusto com a filosofia clínica.

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Publicado por epochefilosofiaclnica

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